Pular para o conteúdo principal

Filmes




Ensaio sobre a cegueira – O filme “... uma reflexão a cerca da vida...”

O que é ser cego? O que significa estar cego? Perguntas que parecem irrelevantes e, até certo ponto, bobas de acordo as perspectivas comuns às quais olhamos o mundo ao nosso redor. Porém quando observamos estas questões por outros ângulos, nos afastando um pouco do consentimento comum do que é ser cego ou do que significa a palavra cegueira, abrimos as portas a um novo entendimento a cerca da realidade, do que somos e de como nos relacionamos com o mundo.

A capacidade de ver algo com “novos olhos” é crucial para o nosso desenvolvimento intelectual e emocional. Perceber algo de uma maneira diferente, fazer uma nova leitura daquilo que já conhecemos nos ajuda a construir o novo em nós, a nos modificar-nos.

Ensaio sobre a cegueira, filme baseado no livro de mesmo título do escritor português José Saramago, levanta, no decorrer de sua trama, uma série de questões sobre a alma humana: nossos instintos, medos, desejos, crenças; nossa capacidade de perceber o outro e a nós mesmos. São reflexões nada habituais, porém que o filme nos coloca de uma maneira brilhante através das situações vivenciadas pelas personagens.

O próprio fato de nos imaginarmos sem a possibilidade de ver já é algo, um tanto quanto, assustador. Ainda mais se somarmos a esta situação uma multidão de pessoas vivendo o mesmo problema. Este representa o ambiente da história que se desenrola ante nossos olhos (parece até irônico dizer isso, né). Durante toda a trama vemos as personagens passando por distintos processos emocionais: medo, tristeza, desespero, comoção e, por incrível que pareça ante toda essa situação, felicidade.

O final é algo fantástico, surreal! Lógico que não contarei, mas é algo muito bem pensado, construído com uma destreza incrível. A trilha sonora não fica atrás: foi toda composta por um grupo do nordeste brasileiro chamado Uakti. Eles têm mais de 20 anos de estrada e apenas se utilizam de instrumentos feitos por eles mesmos.

Enfim, o filme é ótimo em todos os sentidos; não só pela trama, mas também pela atuação dos atores, pela fotografia, pela trilha sonora e principalmente pelas questões que levanta. Questões essas, que podemos sintetizar em uma só: qual é a nossa capacidade de perceber a vida? Todas as personagens já têm uma visão formada de suas próprias vidas e não conseguem mais perceber as coisas além de seus próprios problemas, suas infelicidades, suas dores. Como diria Shakespeare: “Sofremos demasiado pelo pouco que nos falta e alegramo-nos pouco pelo muito que temos...”.

A vida nos arrasta por muitos caminhos, muitas estradas; coloca-nos ante uma série de situações que ao longo do tempo vão minando a nossa capacidade de percebê-la de uma maneira nova. Estamos tão acostumados a apegar-nos àquilo que nos faz mal, que não conseguimos mais perceber aquilo que temos de bom: as pessoas, o que sentimos por elas, os momentos de prazer que elas nos proporcionam e vice-versa. Pequenas coisas do cotidiano e que ao longo do tempo constroem a nossa própria história, a nossa própria trama pessoal com todos esses eventos que essa personagem chamada mim mesmo tem que viver para descobrir a si mesmo, para conhecer a si mesmo.

Bom, o que quero dizer com tudo isso é que recomendo esse filme a todos. É uma ótima opção de entretenimento!!!

Comentários

  1. Muito prazer, Otário!
    O meu nome é Hebe a que atenta.
    Acho que falamos a mesma linguagem: Aquela contruída por nos mesmos, pela observação do que
    acreditamos ser nesse espaço vida.
    Eu atento!
    Um beijo estalado, Otário!

    ResponderExcluir

Postar um comentário

Postagens mais visitadas deste blog

O porquê do nome

A pouco mais de um mês estou usando o primeiro verso da música "Dom Quixote" dos Engenheiros do Hawaii como nome do meu messenger. Muitos me perguntam o porquê, acham estranho, não entendem direito. Alguns já me perguntaram se estou triste, e eu até acho graça. Na verdade é muito interessante ver a reação das pessoas quando lêem essa frase: "... muito prazer, meu nome é otário...". Percebo que ficam um pouco "desconsertadas", principalmente quando são amigos mais próximos. Logicamente que não fiz isso apenas para chocar as pessoas ou algo assim (não que essa idéia não me agrade, he, he), mas o intuito disso é propagar o que entendi com a letra do Humberto: todos nós somos otários aos olhos de alguém!... aqueles que não concordam com a nossa maneira de pensar ou com as escolhas que fazemos em nossas vidas; às vezes sou otário aos meus próprios olhos quando enxergo em mim os medos que ainda não venci, as preocupações que tenho com coisas que as vezes não t...